Cálculo de depreciação
Uma depreciação é uma despesa periódica que deve ser reconhecida no resultado, a menos que seja incluída no valor contabilístico de outro ativo. O lançamento contabilístico é realizado da seguinte forma:
Existem diversos métodos para calcular o valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil. Cada empresa pode decidir qual o método a utilizar, no entanto deverá escolher o que melhor reflete o gasto do ativo e o que for mais vantajoso financeiramente. É necessário definir nas classes do ativo a vida útil. Esta pode ser influenciada por normas contabilísticas ou as normas legais e fiscais: No mesmo sentido, é necessário ter em consideração o regime de periodicidade definido no ativo. No ano em que o ativo começa a ser depreciado, o registo da quantia depreciável na contabilidade da empresa pode ser efetuado de uma das seguintes formas, de acordo com o campo Ciclo de Lançamento que se encontra na classe do ativo: O método da linha reta é um método utilizado universalmente e com maior frequência devido à simplicidade do seu cálculo. Através deste método, a depreciação calculada resulta em despesa constante durante a vida útil do ativo, exceto quando o seu valor residual é alterado. Assim, a depreciação está relacionada exclusivamente com a variante temporal e não com a utilização do ativo em questão. Neste método, divide-se o custo de aquisição (deduzido do valor residual) pelo número de períodos correspondente à sua vida útil. De uma forma simplificada, a fórmula de cálculo é a seguinte: Quota de Depreciação Periódica (anual ou mensal) = Valor líquido – Valor Residual (eventual) / n.º de períodos de vida útil estimada (anos ou meses). De acordo com a fórmula anterior, para calcular a depreciação é necessário ter em consideração os seguintes elementos que afetam a depreciação: Exemplo: Um ativo com valor 6000€ a depreciar em 5 anos (60 meses).
Determinação da vida útil
Método da linha reta
Nota: No ROSE, não são permitidas outras valorizações que não seja o custo de aquisição;
Período
Valor Líquido
Vida remanescente
Valor Depreciação
1
6000
60
100
2
5900
59
100
3
5800
58
100
4
5700
57
100
5
5600
56
100
6
5500
55
100
7
5400
54
100
8
5300
53
100
9
5200
52
100
10
5100
51
100
11
5000
50
100
12
4900
49
100
...
Cenários a ter em consideração
Neste método, é importante considerar um conjunto de aspetos relevantes no cálculo de depreciações, nomeadamente:
Arredondamentos
Se analisarmos o modelo normal, em que a depreciação é arredondada mensalmente a duas casas decimais, existem diferenças de arredondamento.
Se no exemplo anterior, o valor fosse de 5000€ a depreciar a 5 anos, haveria uma depreciação mensal de 83,33€. No final de um ano, dá 999,96€ de depreciação, quando devia dar 1000€ (5000/5). Ou seja, existia uma diferença de 0,04€ em relação ao valor esperado.
O mecanismo que calcula as depreciações deve tratar estas diferenças de arredondamentos. Para tal, no processamento calculado mês a mês, são realizadas em paralelo as contas com a precisão total e calculada a diferença contra o valor arredondado. Quando o valor acumulado supera o cêntimo (0,01€), então esta diferença é somada ao valor da depreciação e subtraída da diferença acumulada. No exemplo anterior, verificamos que de três em três meses é somado um cêntimo à depreciação.
Notas de débito/crédito
Normalmente, o valor de custo de um ativo é determinado por uma simples fatura. Contudo, por vezes podem existir erros ou omissões neste documento, sendo o fornecedor obrigado a lançar a correção na mesma nota de crédito ou débito.
Nestes casos, o motor de depreciação recalcula toda a simulação desde a data de colocação ao serviço com base no novo valor. O valor do custo corresponde sempre à seguinte fórmula:
Sum(Faturas) – Sum(Notas de crédito) + Sum(Notas de débito)
Dupla fatura (alteração de quantidades da ficha)
Um exemplo distinto do anterior é o que ocorre quando existe uma segunda fatura que afeta a quantidade da ficha. Por exemplo, se detém um ativo que corresponde a 2 cadeiras de 150€ cada. Dois meses depois, recebe 2 novas cadeiras ao preço de 160€ cada, atribuindo-as ao mesmo ativo. A vida útil deste ativo corresponde agora a 8 anos.
Neste caso, teremos o seguinte cenário:
Período | Quantidade | Imparidades | Valor líquido | Vida remanescente | Depreciação |
1 | 2 | 0 | 300,00€ | 96 | 3,13€ |
2 | 2 | 0 | 296,87€ | 95 | 3,12€ |
3 | 4 | 0 | 613,75€ | 94 | 6,53€ |
4 | 4 | 0 | 607,22€ | 93 | 6,53€ |
5 | 4 | 0 | 600,69€ | 92 | 6,53€ |
... |
Ou seja, os 320€ são somados ao valor líquido do ativo.
Alienações ou abates parciais
Um cenário semelhante ao anterior ocorre quando existem abates ou alienações parciais. Neste cenário, o valor líquido é repartido em proporção da quantidade retirada do ativo. Ou seja, é retirado do balanço o valor do ativo, depreciações e imparidades de forma proporcional.
Utilizando o exemplo anterior, o cliente vendeu uma das cadeiras ao fim de 30 meses e, por isso, ficamos com o seguintes valores simulados:
Período | Quantidade | Imparidades | Valor líquido | Vida remanescente | Depreciação |
28 | 4 | 0 | 448.94€ | 69 | 6.51€ |
29 | 4 | 0 | 442.43€ | 68 | 6.51€ |
30 | 3 | 0 | 326.94€ | 67 | 4.88€ |
31 | 3 | 0 | 322.06€ | 66 | 4.88€ |
32 | 3 | 0 | 317.18€ | 65 | 4.88€ |
33 | 3 | 0 | 312.30€ | 64 | 4.88€ |
34 | 3 | 0 | 307.42€ | 63 | 4.88€ |
Retroativos
Os retroativos correspondem à depreciação devida, mas que não pode ser lançada no mês correspondente porque a contabilidade já foi lançada. Normalmente, os retroativos ocorrem quando existe uma alteração do valor do ativo após o lançamento de depreciações.
Por exemplo, um ativo adquirido por 600€ a depreciar em 12 meses (1 ano), com uma depreciação de 50€ por mês.
No cenário em que já foram lançadas as depreciações até setembro e, neste mês, é recebida uma nota de débito de 200€ referente a um sobrecusto desse ativo. Neste caso, o valor do ativo aumenta para 800, o que significa que existe uma diferença entre as depreciações contabilizadas e as devidas. No mês de outubro (o 1.º em aberto na contabilidade), toda a diferença acumulada é lançada como retroativo:
Período | Imparidades | Valor líquido | Vida remanescente | Depreciação | Diferença | Retroativos |
1 | 0 | 800,00€ | 12 | 66,67€ | 16,67€ | |
2 | 0 | 733,33€ | 11 | 66,67€ | 16,67€ | |
3 | 0 | 666,67€ | 10 | 66,67€ | 16,67€ | |
4 | 0 | 600,00€ | 9 | 66,67€ | 16,67€ | |
5 | 0 | 533,33€ | 8 | 66,67€ | 16,67€ | |
6 | 0 | 466,67€ | 7 | 66,67€ | 16,67€ | |
7 | 0 | 400,00€ | 6 | 66,67€ | 16,67€ | |
8 | 0 | 333,33€ | 5 | 66,67€ | 16,67€ | |
9 | 0 | 266,67€ | 4 | 66,67€ | 16,67€ | |
9 | Nota de débito | 150,00€ | ||||
10 | 0 | 200,00€ | 3 | 66,67€ | ||
11 | 0 | 133,33€ | 2 | 66,67€ | ||
12 | 0 | 66,67€ | 1 | 66,67€ |
Este valor é lançado na contabilidade em paralelo com a depreciação regular.
Pro Rata
Outra das características do motor de depreciações é o tratamento pro rata da depreciação no 1.º mês, tendo como base o dia de início da depreciação. Isto significa que o sistema conta o n.º de dias que sobram desde o momento em que é colocado ao serviço até ao final do mês, repartindo o n.º de dias do mês.
Um ativo adquirido por 200€ a depreciar em 36 meses, que foi colocado ao serviço a 20 de março, tem o seu plano de depreciação definido da seguinte forma:
Período | Valor Líquido | Vida remanescente | Depreciação |
3 | 200,00€ | 36 | 1,97€ |
4 | 198,03€ | 35 | 5.66€ |
5 | 192,37€ | 34 | 5.66€ |
… |
Imparidades
As imparidades afetam a depreciação a partir do momento em que ocorrem, reduzindo o valor líquido do ativo.
O seguinte exemplo representa um ativo adquirido por 5000€, que no mês de maio sofre uma imparidade de 1000€, podemos ver o efeito automático na depreciação desse mês e seguintes:
Período | Imparidades | Valor Liquido | Vida remanescente | Depreciação |
1 | 0 | 5,000.00 € | 60 | 83.33€ |
2 | 0 | 4,916.67€ | 59 | 83.33€ |
3 | 0 | 4,833.34€ | 58 | 83.33€ |
4 | 0 | 4,750.01€ | 57 | 83.33€ |
5 | 1000 | 3,666.68€ | 56 | 65.48€ |
6 | 0 | 3,601.20€ | 55 | 65.48€ |
7 | 0 | 3,535.72€ | 54 | 65.48€ |
8 | 0 | 3,470.24€ | 53 | 65.48€ |
9 | 0 | 3,404.76€ | 52 | 65.48€ |
10 | 0 | 3,339.28€ | 51 | 65.48€ |
11 | 0 | 3,273.80€ | 50 | 65.48€ |
12 | 0 | 3,208.32€ | 49 | 65.48€ |
Ciclo de lançamento
Na classe do ativo, pode ser definida a periodicidade com que a depreciação vai ser lançada na contabilidade. Este lançamento pode ser efetuado de duas formas:
- Mensal: o registo da depreciação é realizado todos os meses;
- Anual: a depreciação é lançada num só documento, no final do ano.
Assim, e utilizando o primeiro exemplo do artigo, no caso de ter a opção mensal são lançadas 100€ de custo de depreciação mensal. Caso seja anual, são lançados 1200€ no final de cada exercício.
Valor residual
O valor residual afeta diretamente o valor líquido do ativo. Por exemplo, um ativo adquirido por 6000€, com valor residual de 400€ e com vida útil de 5 anos, vai ter a seguinte simulação de depreciação:
Período | Valor líquido | Vida remanescente | Depreciação |
1 | 5,600.00€ | 60 | 93.33€ |
2 | 5,506.67€ | 59 | 93.33€ |
3 | 5,413.33€ | 58 | 93.33€ |
4 | 5,320.00€ | 57 | 93.33€ |
5 | 5,226.67€ | 56 | 93.33€ |
6 | 5,133.33€ | 55 | 93.33€ |
7 | 5,040.00€ | 54 | 93.33€ |
Quantidades adicionais
Como referido anteriormente, as quantidades de um ativo são geridas pela aplicação.
No caso hipotético de existirem duas faturas para o mesmo bem em períodos diferentes, teremos o seguinte cenário: a partir da primeira fatura, o bem começa a depreciar normalmente, mas quando trata a 2.ª fatura, além de incrementar a quantidade, o valor do bem é aumentado. Assim, o cálculo da depreciação é refeito com base no novo valor líquido.